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    Bem-vindo ao Blog do Eric Queiros

Santidade


Hebreus 12:14 “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”.

Você já parou para pensar sobre o que aconteceu com o profeta Isaías? Ele descreve o seu encontro com Deus assim: “No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo. Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os seus pés e com duas voava. E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória.” (Is 6: 1-3).

Nos versos 5 ele complementa dizendo: “Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!”.

Agora pensemos em Uzá que toca na arca da aliança (que representava a presença de Deus), apenas na intenção de não deixá-la cair do carro que a transportava, e ao simples toque, cai fulminado, morto, como relata II Sm 6:6-7.

E mais: lembremo-nos daqueles que tiveram a ousadia de olhar para a arca em Bete-Semes e foram atingidos pela praga de Deus. Assim relatada I Sm 6:19: “Feriu o Senhor os homens de Bete-Semes, porque olharam para dentro da arca do Senhor, sim, feriu deles setenta homens; então, o povo chorou, porquanto o Senhor fizera tão grande morticínio entre eles”.

Qual o significado destes relatos? O que exprime estas, dentre tantas outras passagens, senão que Deus é Santo e que convém que os que dEle se aproximem o sirvam em santidade?

Todos nós falamos de santidade, pregamos sobre santidade, entendemos a santidade como um conceito bíblico, entretanto, respondamos a nós mesmos: como vai a minha busca por santificação?

O texto de Hebreus parece duro, mas está na Bíblia e não dá para tirá-lo dela: “Sem santificação, ninguém verá ao Senhor”. Mas há algo que também está na Bíblia e que nos traz mais conforto: não estamos sozinhos. Deus está neste processo de separação total da nossa vida do pecado.

Antes de compreendermos isso, definamos o sentido de alguns termos que ouvimos muito nas igrejas. São eles: santificar, santificação e santidade. Estas três palavras são termos afins, porém diferentes. Senão vejamos: santificação é o processo; santidade é resultado desse processo ou estado inerente a quem o vive; já o termo santificar denota uma ação, da qual o crente deve ser sujeito paciente e ao mesmo tempo agente no processo.

Após o milagre do novo nascimento, o processo de santificação tem continuidade na vida do homem, porém Deus continua sendo o Santificador, Ex. 31:13 diz “Tu, pois, falarás aos filhos de Israel e lhes dirás: Certamente, guardareis os meus sábados; pois é sinal entre mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou o Senhor, que vos santifica”.

Acontece que o homem, já separado do pecado (santo significa separado), passa agora também a ser sujeito agente desse processo cooperando e agindo para sua própria santificação Ap. 22:11 diz “Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se”.

Nessa interação entre Deus e nós homens, o Senhor fornece as condições necessárias para a nossa santificação e em nenhum momento alguém pode alegar diante de Deus que não teve os instrumentos necessários para sua santificação.

O Senhor nos concede tudo que precisamos: Já nos deu Sua Palavra, que como é dito em II Tm. 3:16-17 “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”.

Deus já nos deu o sangue de Jesus que “... nos purifica de todo o pecado” (I Jo. 1:7). Deus já nos deu o Espírito Santo (Rm.8:50; 15:16), a Igreja (I Co. 12:28; 14:12; Ef. 4:11-16) e sua armadura que está descrita em Ef. 6:10-18;

O que compete ao crente fazer? Compete ao crente agir. Fl.2:12 diz “Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor”.

O que não podemos fazer é nos contentarmos com um simples levantar de mão na igreja, conversão é mais que isso é a caminhada da santificação.

Santificação é o que Deus faz em nós, Ele nos santifica e nós desenvolvemos este processo com a Sua cooperação. A busca pela santidade é um processo contínuo. Nascemos de novo, mas ainda precisamos nos livrar dos velhos costumes e das velhas práticas.

Parece contraditório, somos chamados santos por que fomos separados por Deus, mas ainda carecemos de santificação. Mas podemos exemplificar isso de duas formas: uma criança já é um ser humano perfeito, mas ainda não é um adulto. Uma fruta verde (“de vez”) já é uma fruta perfeita, mas ainda não é madura. Uma vez tendo sido justificado, pelo sangue de Jesus derramado na cruz, e sendo santificado, o crente progride e prossegue para a perfeição.

Pv. 4:18 diz: “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito”.

Já Ef. 4:13 mostra bem como se desenvolve este processo, pois nos diz que temos um alvo, um padrão a ser atingido de santidade: “Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo”.

I Pe. 2:2 nos chama a desejarmos a santidade, a anelarmos por ela, como algo que nos manteria vivo: “desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação”.

Deus acompanha e age em todo o tempo dentro desta caminhada, ao final entendemos que é Ele mesmo que nos santifica pela Sua graça. Até os nossos esforços, sem a ajuda de Deus, seriam inúteis. Sem a graça e o favor de Deus não conseguiríamos dar nem o primeiro passo nesta caminhada.

Gostaria, entretanto, de lhe chamar a atenção para algo: podemos cometer alguns enganos no nosso entendimento de santificação. Muitas vezes queremos vender uma imagem de pureza em vez de admitirmos nossas fraquezas e pedirmos ao Senhor o Seu perdão e a Sua ajuda. Este erro com certeza pode ter graves conseqüências e revela a nossa falta de humildade. A grande armadilha é achar que somos bons o suficiente para andarmos sozinhos, a nossa velha natureza insiste em comandar a nossa vontade, por isso, é preciso estar continuamente na presença do Senhor e na dependência dEle, sem com isso não querermos deixar assumir o nosso papel neste processo de abandono do pecado.

Outro terrível engano é o de achar que a santidade começa em coisas exteriores, como a roupa que vestimos, etc. A revolução promovida por Deus em nós é inicialmente interior e somente depois trará provas exteriores. Quando Jesus confrontava a hipocrisia dos fariseus, Ele deixava isso bem claro. Em Mt. 23:26, o Mestre falou “Fariseu cego, limpa primeiro o interior do copo, para que também o seu exterior fique limpo!”.

Devemos verdadeiramente nos afastar daquilo para o qual a nossa natureza pecaminosa se inclina, devemos crucificar a nossa carne com seus desejos e paixões. Deus quer que, como filhos, sejamos parecidos com Ele que é o nosso Pai. (I Pe 1:15) “pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento”.

Santificar-se é uma entrega total a Deus; É procurar agradar a Deus em tudo; É ser revestido de Cristo; É o crente disciplinar as ações da própria carne, no coração e na vida do novo homem (Rm. 8:5-8) “Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito. Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz. Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus”.

Vivemos dias de busca dons espirituais (e isso é bom!), dias da busca pelos carismas. Porém, a busca dos dons sem a necessária mudança de caráter não produz o fruto de uma verdadeira santificação. Vivemos os dias do “muito carisma” e pouco caráter.

Mas importa diante de Deus que haja mudança de caráter e de maneira de viver, a santificação produz isso na vida do homem. Cl. 3:9-10 diz “Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou”.

Santificar-se é o crente tornar-se participante de Cristo, não se deixando endurecer pelo pecado. Não é apenas uma doutrina, mas uma necessidade espiritual, por que sem ela “ninguém verá a Deus” (Hb. 12:14);

Um verdadeiro santo age de todo o coração e poderá dizer, juntamente com o salmista: “Por meio dos teus preceitos consigo entendimento; por isso detesto todo caminho de falsidade” (Sl 119.104).

Dia destes não pude deixar de ouvir uma conversa de duas senhoras que estavam ao meu lado numa livraria. Uma dizia para a outra: “conheço um rapazinho que diz que é salvo. Bom, se isso é verdade, pode pecar a vontade porque já está salvo!”.

Aquela senhora, na sua mente natural, não compreendia que a salvação impulsiona o crente para a santidade e não para o pecado. A consciência do novo nascimento produz no cristão o desejo de abando do erro e não de que “estar livre para pecar”.

É de suma importância para cada pessoa ler cuidadosamente as Escrituras com o sincero desejo de santificar-se. Nos escritos de Paulo, por exemplo, podemos encontrar um grande número de claras orientações práticas, atinentes ao dever do cristão, em cada relacionamento da vida, acerca de nossos hábitos diários, de nosso temperamento e de nossa conduta pessoal e de uns para com os outros. Essas orientações foram registradas por inspiração divina, para orientação perpétua dos crentes professos. Aquele que não dá atenção a essas normas talvez seja aceito como membro de uma igreja ou denominação evangélica, mas certamente não será aquele que a Bíblia chama de homem “santificado”.

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